Em Tu Não Te Moves de Ti, Hilda Hilst explora o existencialismo através de três histórias entrelaçadas. O livro é uma obra complexa e intensa, que usa uma linguagem fragmentada e pulsante para criar três novelas diferentes, mas ligadas por um mesmo fio condutor. A primeira novela, “Tadeu (da razão)”, conta a história de um empresário de sucesso que entra em crise existencial e questiona a vida superficial que leva com sua esposa Rute e seus amigos fúteis. Tadeu quer se libertar desse mundo que não lhe satisfaz mais e se dedicar aos seus livros e à sua arte, que sempre ficaram em segundo plano. Mas Rute não entende essa mudança e um conflito se instala entre eles. A segunda novela, “Matamoros (da fantasia)”, narra a trajetória de Maria Matamoros, uma menina que desde cedo tem uma forte relação com a sexualidade. Ela diz que toca tudo o que vê para conhecer melhor as coisas. Sua mãe, Haiága, horrorizada com o comportamento da filha de oito anos, chama um padre para exorcizá-la. Mas o padre também se envolve com ela. A sexualidade de Matamoros se torna problemática quando ela disputa com a mãe o amor do mesmo homem e chega a desejar sua morte. Maternidade e velhice são temas que ganham destaque nessa trama delicada. A situação piora quando a vidente Simeona diz a Matamoros que ela ama uma fantasia, um homem que não existe. A última novela, “Axelrod (da proporção)”, mostra as reflexões do professor Axelrod Silva, sobrinho de Haiága, sobre a roda axial da história. Mais uma vez, o tempo e a finitude são temas dominantes na narrativa. Nessa história, porém, Hilst brinca com o leitor, apresentando-lhe um olhar ainda mais fragmentado do que nas duas primeiras novelas. No conjunto, Tu não te moves de ti é uma obra espetacular sobre as angústias mais profundas do ser humano, revelando suas falhas, maravilhas e obscuridades.